DEPOIS DE QUARTA-FEIRA

Até esta quarta-feira, quando o último folião se recolher, o Brasil é todo Carnaval. Mesmo quem não quer saber da folia e tenta fugir dela será, de uma ou outra forma, influenciado pela maior e mais tradicional festa popular verde-amarela, seja enfrentando os perigos do trânsito nas estradas e nas ruas, que o feriadão dos excessos multiplica, seja se preocupando com filhos, parentes e amigos que dela participam para valer e correm os riscos inerentes a qualquer evento que reúne multidões nas ruas dos assaltos e arrastões às pancadarias e tiroteios. É um período em que, lamentavelmente, a alegria e a confraternização se misturam com excessos até mesmo criminosos, quase sempre estimulados pelo uso de drogas e pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. As polícias Civil e Militar, com seus efetivos máximos nas ruas, inclusive pelo deslocamento de funcionários administrativos para atividades operacionais, na tentativa de garantir a segurança possível. Da mesma forma, os efetivos e equipamentos das polícias rodoviárias, a estadual e a federal, estarão mobilizados em força máxima para retirar das estradas motoristas bêbados e infratores. No total, em torno de 4 mil agentes da lei estarão mobilizados.

No Carnaval de 2009, 27 pessoas morreram na chacina de ação continuada do trânsito catarinense, que ocorre ser o segundo mais letal do país em função da imprudência e irresponsabilidade dos motoristas. A festa terminou em tragédia, também, para 308 feridos nos 532 acidentes registrados no período. O Carnaval, igualmente, registra aumento no número de agressões, assaltos, homicídios e de crimes contra os direitos de crianças e adolescentes. Em relação a este último aspecto, em momento certo se renova a Campanha Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes 2010. Ressalte-se que esta iniciativa, juntando a ação dos poderes públicos e a mobilização das organizações nacionais e internacionais da sociedade civil, visa à proteção daquelas pessoas mais sujeitas à exploração pelo chamado turismo sexual, repulsiva atividade que, no período de Carnaval, é exacerbada nas cidades turísticas do Brasil.

Ademais, impõe-se lembrar que a responsabilidade de zelar para que a alegria da maior festa brasileira não seja toldada por tantos atos criminosos e insanos não é apenas dos efetivos policiais, mas de todos nós. Dos foliões, e também dos que não gostam da fuzarca, mas não podem ignorá-la. Que nesta Quarta-Feira de Cinzas, todos os carnavalescos estejam de volta aos seus lares, em segurança. A responsabilidade de zelar para que a alegria do Carnaval não seja toldada pelos excessos e pela violência não é apenas das forças de segurança, mas de todos os cidadãos. ATÉ O PROXIMO CARNAVAL...