O que unia aquele grupo de jovens era a afinidade com o meio ambiente e as atividades ao ar livre. Em Morretes, cidade paranaense ao pé da Serra do Mar, a natureza rica exercia atração sobre os rapazes prestes a sair do ensino médio. “Conseguimos junto à prefeitura um curso profissionalizante gratuito para formar guias de visitantes em áreas naturais”, diz Celso Maceno, um dos interessados na época.
Esse curso rendeu frutos, e os jovens se associaram para prestar seus serviços de guias em atividades simples, como caminhadas até cachoeiras e montanhas. “Na época, há dez ou 11 anos, a estrutura era nenhuma: não tínhamos veículo para ir de um lugar a outro, seguro de vida preventivo ou sede fixa”, conta Maceno. Apesar da pouca estrutura, o grupo se envolvia com projetos de educação ambiental para a comunidade local e para turistas, e fez parcerias com órgãos ambientais da cidade e do estado.
Com esse histórico, não foi um salto grande para abrir finalmente uma operadora de turismo. Maceno juntou-se aos colegas Tiago Choinski, Carlos Alberto Gnatta Neto e Edson Luiz Gualdezi e juntos fundaram a Calango Expedições, hoje com seis anos de existência. A empresa nasceu já encaminhada no negócio, bem equipada com mountain bikes para passeios em áreas rurais e parcerias feitas com outras entidades. Uma das mais importantes foi com a Associação Brasileira do Turismo de Aventura (ABETA), que, segundo Maceno, incentiva muito a profissionalização dos guias. Outro programa, o “Aventura Segura” do Ministério do Turismo, preza pela implantação de sistemas de segurança.
A maior parte do público da operadora está na faixa dos 18 aos 30 anos, conta Maceno, mas como as atividades não têm nível de dificuldade muito alto, é possível atender até o público da melhor idade. “ Fazer caminhadas, descer um rio tranquilo com remo ou caiaque estável são roteiros perfeitos para esse público. Também temos passeios de jipe por áreas rurais, que não envolvem esforço físico e têm apelo histórico-cultural”, diz. Morretes faz parte do início da civilização do Paraná, e os engenhos artesanais de cachaça e farinha de mandioca contam um pouco dessa história. E quando o roteiro passa por áreas de conservação natural da Serra do Mar, os guias falam da geografia, da flora e da fauna locais.
São várias as atividades oferecidas pela operadora: passeios de jipe, mountain bike, canoagem, rafting, cachoeirismo, montanhismo… O último lançamento da empresa é o passeio pela foz do rio Nhundiaquara de flexboat, um barco motorizado que alcança 85 km/h. “Todo ano lançamos um produto novo e às vezes deixamos de fazer algum passeio que não tem um apelo muito bom no mercado”, diz Maceno. Além dele e de Choinski, a Calango tem seis guias em áreas naturais, e em alta temporada contrata mais gente em Curitiba.
Apesar do foco em ecoturismo e turismo de aventura, a maior parte da renda da Calango vem de atividades que integram pacotes de viagens na região, seja um passeio de trem pela Serra do Mar ou uma atividade ao ar livre em Paranaguá. O destino mais vendido por eles é a Ilha do Mel, “porque a ilha tem recebido bastante propaganda do governo estadual e federal, e porque é realmente um lugar muito bonito e com um potencial fabuloso”, diz Maceno. O crescimento de 10% ao ano do faturamento da operadora ele atribui aos produtos oferecidos pela empresa e ao esforço de marketing e divulgação da marca. “Participamos muito de feiras e salões de turismo de nível estadual e nacional, eventos específicos do turismo de aventura e estamos envolvidos com projetos que buscam fortalecer o turismo aqui no litoral”.
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